Embora
seja um termo recentemente utilizado, a prática de bullying ocorre há muito tempo. Não se sabe ao certo quando e como
iniciou, mas, nos últimos anos, as escolas e profissionais da educação têm direcionado
suas atenções para esse fenômeno tão comum e que acarreta inúmeras consequências
à vida de um indivíduo.
Acredito
que todos os leitores, ou a grande maioria, já presenciaram situações
vexatórias, em que determinado sujeito recebia apelidos, xingamentos, humilhações
e até agressões por outra pessoa. Quem nunca teve um apelido que nunca gostou e
se envergonhava sempre que alguém o pronunciava? Ou tinha um colega que
costumava pegar no seu pé, que insinuava coisas sobre você só para lhe ver triste?
Quem já se envolveu em briga escolar ou sentia-se intimidado porque já foi “jurado”
na saída da aula? Esses são exemplos comuns de uma realidade cada vez mais viva
nos espaços escolares: a prática do bullying.
Vale
salientar, porém, que só podemos afirmar que está ocorrendo bullying quando as situações
anteriormente citadas (ou muitas outras que tentem intimidar a vítima:
violência física, sexual, verbal ou psicológica) ocorrerem sem motivação; ou
seja, não há razão para que alguém agrida outro alguém (a vítima). Por outro
lado, sempre há uma intenção pelo agressor, que é de deixar a vítima intimidada
e “pra baixo”, além de as ações violentas acontecerem por um longo período de
tempo, repetidas vezes.
Nesse
cenário, a família entra como uma entidade de grande importância no controle do
comportamento do filho, já que ela é a base educacional do sujeito. Muitas
vezes, a ideia de violência só existe porque dentro da própria casa a criança
depara-se com agressões verbais e físicas entre pais e entre pais e filhos,
acentuada pela ausência de afetividade familiar e inexistência de diálogo. Além
disso, a falta de controle e limites em pequenas situações diárias (desde os
primeiros anos de vida) e pais que são extremamente punitivos contribuem para a
inversão de valores na cabecinha de nossas crianças. Outra atitude tomada pelos
pais que influencia no comportamento dos filhos é a superproteção, que retira a
autonomia da criança para lidar com as situações adversas que encontra no
ambiente escolar.
Se
seu filho estiver envolvido em um caso de bullying (seja ele vítima, agressor
ou testemunha da situação), possivelmente ele apresentará alguns dos sintomas
abaixo: baixo rendimento escolar; reclama da escola e não quer mais ir a ela;
vontade de não sair de casa, com baixa autoestima; tristeza e sentimentos
negativos; medo e ansiedade; sentimento de vingança e agressividade; insônia e pesadelos;
desinteresse por coisas que gostava de realizar; problemas de saúde sem
diagnóstico; insegurança e desconfiança no outro; entre outros sintomas. Vale
salientar que não é apenas a vítima que sofre, mas o agressor, os que
testemunham, a comunidade escolar, a própria família e outros envolvidos.
Por fim, como os pais podem contribuir
no combate ao bullying?
Primeiramente,
crie espaços de diálogo na família, pois é através da conversa que resolvemos
muitos problemas; sendo assim, nunca incentive que seu filho “responda com a mesma
moeda”, ou seja, não se resolve violência com mais violência. Nunca culpe o
filho porque ele está sendo vítima, você estará violentando-o outra vez. Busque
sempre controlar suas emoções, pois não adianta fazer nada “de cabeça quente”.
Busque entender sempre os motivos que levaram ao bullying, conversando com
profissionais da escola e os envolvidos. Crie regras familiares que orientem a
conduta dos filhos, estimule as qualidades dos mesmos, conheça as atividades
que faz e com quem faz e, acima de tudo, escute sempre o que seu filho tem a
falar, por mais que pareça “bobo” ou “irreal”. Além disso, controle as
influências da TV, internet e outras tecnologias, estipulando horários de uso.
Por fim, seja um eterno parceiro da escola, pois só se produz educação de
qualidade quando a escola e a família caminham juntas.