A empresária Clara Santos, de 34 anos, colocou um anúncio em
um site de vendas em Natal. Pouco tempo depois, recebeu uma ligação. Era um
suposto atendente do próprio site, de um número com DDD de São Paulo, que pediu
para que ele confirmasse seus dados. Em seguida, o suposto funcionário disse
que enviaria um código para o celular dela e que assim que ela dissesse o
código que recebeu o anúncio no site de vendas seria liberado. Clara passou o
código. A partir daí ela não conseguiu mais acessar o WhatsApp no seu celular.
Clara foi vítima de um golpe e teve o WhatsApp clonado.
De acordo com a Polícia Civil do RN, os golpes através sites
de compras têm se tornado recorrentes. E o destino mais comum dos criminosos é
o WhatsApp. Depois que o estelionatário consegue clonar a conta, começa a
mandar mensagem para vários conhecidos da vítima pedindo dinheiro.
Ao ligar para a vítima se passando por funcionários do
próprio site, os criminosos pedem a confirmação de um código, que chegará por
mensagem de texto no celular. Na verdade, o criminoso está tentando acessar o
WhatsApp dessa pessoa de outro lugar.
Ele pega o número do telefone e tenta cadastrar o aplicativo
em outro dispositivo. Quando isso acontece, a empresa que administra o app
envia uma senha para o aparelho de origem, para que o usuário informe se não se
trata de uma invasão. Essa senha precisa ser digitada no aparelho novo, em que
se pretende usar o WhatsApp.
Se a vítima fornecer esse código, o bandido tem acesso aos
dados do aplicativo no celular dele, e cancela o uso no dispositivo original. A
partir daí, começa a se comunicar com os contatos, solicitando, normalmente,
quantias em dinheiro.
Como se prevenir
O setor de Inteligência da Polícia Civil alerta que
aplicativos como Instagram, WhatsApp e Facebook dão possibilidade aos usuários
de fazer uma autenticação do uso em duas etapas. Essa ferramenta está na aba de
configuração dos apps. Depois de ativá-la, os acessos de dispositivos
diferentes do original passam por confirmações de códigos.
No caso do WhatsApp, a primeira é a da senha gerada pela
própria empresa e enviada por SMS. Depois disso, é necessário fazer uma segunda
confirmação, esta por um código criado pelo próprio dono do aparelho original,
que a empresa não tem acesso.
São seis dígitos que serão solicitados periodicamente
durante o uso diário do app, além do pedido que acontece para a instalação em
outros dispositivos.
Os policiais civis chamam a atenção também para o fato de
que, sabendo disso, o estelionatário pode solicitar ao usuário essa segunda
chave de segurança, após pedirem a primeira, que chega por mensagem.
Entretanto, a partir daí fica mais nítido que não se trata de um contato da
empresa de suporte, porque é uma senha feita pelo próprio usuário e de uso somente
dele.
Ainda segundo o setor de Inteligência, é preciso também que
as pessoas estejam em alerta para a essas ligações telefônicas. A Polícia Civil
acrescenta que não é comum essas empresas entrarem em contato via telefone,
pedindo confirmação de códigos. Portanto, quando ocorrer, é necessário se
certificar.
O que fazer se cair no golpe
Caso o sistema seja invadido, tem jeito. A Inteligência da
Polícia Civil orienta que após o golpe a vítima tente acessar o WhatsApp com o
número original por diversas vezes. Após algumas tentativas, o próprio sistema
do aplicativo bloqueará o uso por um determinado tempo.
Depois disso, é necessário entrar em contato com a empresa
que gere o app, solicitando a remoção da conta. Esse pedido pode ser feito por
e-mail (support@whatsapp.com), em português. A Polícia Civil afirma que, após
alguns dias, é possível baixar novamente o aplicativo e utilizá-lo normalmente.
Além disso, é preciso avisar aos contatos salvos no celular
que foi vítima do crime, para evitar que eles sejam também lesados.
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