O Ministério
Público Federal (MPF) enviou à Justiça Federal do Rio Grande do Norte a
denúncia contra o ex-senador José Agripino Maia por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro durante as obras da Arena das Dunas. A denúncia tinha sido feita
inicialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017. A mudança ocorreu após
o político perder o foro privilegiado.
As acusações
tratam de um suposto esquema de propina durante as obras de construção da
Arena, entre 2012 e 2014, em Natal. O MPF solicitou ainda a inclusão de José
Adelmário Pinheiro Filho – o “Léo Pinheiro” – na denúncia, para que o empreiteiro
responda por corrupção ativa.
O G1 não
conseguiu contato com a defesa do ex-senador José Agripino.
A denúncia
contra o ex-senador foi inicialmente oferecida perante STF, em setembro de
2017, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), devido ao cargo de senador. A
ação penal agora foi remetida à primeira instância, tendo em vista que o
mandato se encerrou e ele não conseguiu ser eleito deputado federal, no último
pleito.
Segundo o
MPF, informações obtidas a partir da “Operação Lava Jato”, bem como em
documentos complementares, apontaram que o então senador recebeu propina por
meio de depósitos em dinheiro em conta pessoal e mediante “doações eleitorais
oficiais” ao Partido Democratas (DEM), do qual era presidente do Diretório
Nacional. O dinheiro foi repassado pelo grupo empresarial OAS, presidido na
época por Léo Pinheiro.
A propina,
diz o MPF, foi paga em troca da prestação de favores políticos a parlamentares
que atendessem aos interesses da empreiteira, sobretudo na construção do
estádio para a Copa do Mundo de 2014. José Agripino teria contribuído com a
“superação de entraves” para a liberação de parcelas do financiamento do BNDES,
em 2013, buscando intervir junto aos tribunais de contas da União e do Estado
do Rio Grande do Norte (no âmbito dos quais havia controvérsia sobre a
liberação dessas verbas).
Em troca, o
grupo empresarial teria feito repasses de, no mínimo, R$ 654.224; além de
pagamentos indevidos por meio de “doações eleitorais oficiais” que totalizaram,
pelo menos, R$ 250 mil. O pedido de inclusão de Léo Pinheiro na denúncia se
deve ao fato de o empreiteiro se tratar da pessoa diretamente responsável pelo
repasse das propinas ao ex-senador, com quem mantinha contato constante.
Trâmite
A Primeira
Turma do STF, por maioria de votos, recebeu a denúncia em 12 de dezembro de
2017. A defesa de José Agripino chegou a recorrer, mas os embargos de declaração
foram rejeitados por unanimidade pela mesma Primeira Turma, em agosto de 2018.
Como ele não foi eleito, “cessou a competência originária do STF para
processamento e julgamento da presente ação penal, sendo os autos remetidos à
primeira instância da Justiça Federal, por declínio de competência”, esclarece
o MPF.
O Ministério
Público Federal requer aproveitamento dos atos decisórios e processuais já
praticados. Além da condenação pelos crimes, os procuradores querem reparação
dos danos materiais e morais causados, “em um valor mínimo de R$ 900 mil”, bem
como a decretação da perda da função pública, caso os réus sejam detentores de
cargo ou emprego público ou mandato eletivo.
G1RN*
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