Emoção e protestos marcam passagem da tocha por Natal

Foto: Fábio Cortez

Emoção talvez seja a palavra que melhor resuma a passagem do revezamento da tocha olímpica por Natal. Durante o fim da tarde e parte da noite deste sábado (4), o principal símbolo dos Jogos Olímpicos cruzou a cidade, passando por bairros das zonas Leste e Sul, e sendo saudada por dezenas de pessoas que se aglomeraram pelas ruas por onde o comboio olímpico passou.

O ponto de partida do revezamento foi o Forte dos Reis Magos. A corrida do fogo começou com cerca de 30 minutos de atraso. Às 15h50, o professor de artes marciais André Calixta, que oferece aulas gratuitas para crianças carentes de Natal, recebeu das mãos dos estudantes Pedro Inácio, Carlos Vitor e Flaviana Fernandes, todos alunos da rede pública natalense, a chama olímpica.

Antes de dar iniciar a corrida, Calixta comentou a oportunidade de abrir o revezamento na capital potiguar. “Eu estou muito feliz e agradecido. É um momento ímpar e que eu guardarei para sempre na minha memória”, disse emocionado.

Depois de deixar o Forte, o revezamento passou pela Praia do Meio e Ladeira do Sol antes de chegar ao histórico bairro da Ribeira. Coube a ex-jogadora de vôlei Virna Dias conduzir a tocha até a área mais boêmia de Natal. Sem deixar a emoção de lado, Virna percorreu o seu trajeto lentamente, sendo acompanhada por uma centena de pessoas durante a sua corrida.

O ponto alto do revezamento foi quando Virna passou a tocha para o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt. O ‘beijo’ entre dois dos maiores ícones do esporte olímpico brasileiro atraiu a atenção de um grande número de pessoas. Mão Santa chegou a ter certa dificuldade para iniciar a sua corrida. Os agentes da Força Nacional, que fazem a segurança dos condutores, precisaram se redobrar para abrir espaço para a passagem do maior cestinha da história do país.

Emocionado, Oscar disse que correr pelas ruas da Ribeira era a realização de um sonho de criança. “Estou muitíssimo feliz. Neste momento, sou a única pessoa do mundo a ter o fogo olímpico nas mãos. Não há palavras para descrever o que sinto”, afirmou.

Após Schmidt, a chama olímpica continuou sendo levada de mão em mão até a Cidade da Criança, no Tirol, onde foi encerrada a primeira parte do revezamento. Caia uma leve chuva quando a tocha chegou ao local.

A intensidade da chuva aumentaria antes do início da segunda parte do revezamento, que aconteceu no Centro de Convenções, na Via Costeira. Apesar do tempo adverso, a empolgação de quem acompanhava e principalmente dos condutores parecia ainda maior.

Do Centro, o revezamento seguiu para a Avenida Roberto Freire, em Ponta Negra, e depois cruzou os bairros de Capim Macio, Neópolis e Candelária antes de chegar à Arena das Dunas. Uma das últimas personalidades que teve a missão de conduzir a tocha foi a cantora e compositora Marina Elali. Uma legião de fãs acompanhou a corrida da vocalista, que aconteceu na Avenida Prudente de Morais.

“Realizo um sonho de criança. Ainda não estou acreditando que terei a oportunidade de correr com a tocha pela minha cidade. É incrível”, contou Marina antes de iniciar a sua participação.

Após Elali, a tocha seguiu em direção à Arena. Coube ao nadador paralímpico Clodoaldo Silva encerrar o revezamento em Natal. Debaixo de uma chuva fortíssima, o atleta percorreu os últimos metros da corrida e foi recebido pelas autoridades locais em um palco montado na área externa do estádio.

Emocionado, Clodoaldo agradeceu a presença das pessoas que esperaram para ver o encerramento do revezamento e relembrou a sua infância na cidade. “Nasci em Mãe Luíza e tenho muito orgulho de falar por onde passo que sou natalense. Amo a minha cidade e quero aproveitar esse momento para agradecer a todos que contribuíram para que eu chegasse até aqui”, falou.

Ao todo, 110 pessoas conduziram a tocha em Natal. A distância total percorrida foi de 21 quilômetros. A chama olímpica pernoita na cidade e, neste domingo (5), será levada para Fernando de Noronha (PE). O fogo retorna a Natal na segunda (6) e em seguida segue para as cidades de Angicos, Lajes, Assú e Mossoró, concluindo a passagem pelo Rio Grande do Norte.

Protestos

Pelo menos três protestos foram registrados durante a passagem da tocha olímpica por Natal. O primeiro deles aconteceu ainda no Forte dos Reis Magos. Músicos e artísticas, com faixas e cartazes, protestaram contra o prefeito Carlos Eduardo. O grupo cobra o pagamentos dos cachês referentes às apresentações realizadas durante o Carnaval deste ano.

A segunda manifestação aconteceu em frente ao prédio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), durante a passagem de Oscar Schmidt com a tocha. Manifestantes que ocupam o prédio em resistência ao governo do presidente interino Michel Temer tentaram ir de encontro ao ex-jogador de basquete. Os agentes da Força Nacional usaram spray de pimenta para dispersar os ativistas. Crianças foram atingidas pelo spray durante a ação.

O terceiro protesto foi registrado na Avenida Engenheiro Roberto Freire, em Ponta Negra. Um grupo com faixas contra o presidente interino Michel Temer também se manifestaram durante a passagem da tocha. Nenhuma ocorrência mais séria foi registrada.

NovoJornal*