100 anos de Luiz Gonzaga, um ícone da cultura brasileira


No dia 13 de dezembro de 1912, na pequena cidade de Exu, Pernambuco, nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento, que mais tarde tornou-se um dos artistas mais importantes e influentes da história da música latino-americana. Sagitariano, genioso e deveras talentoso. Dono de uma sensibilidade musical incomum, Gonzagão conseguiu traduzir em forma de canção o lamento e as angústias do sertão brasileiro.

O Rei do Baião construiu uma obra que conquistou a admiração e o respeito de artistas do naipe de Caetano Veloso, Raul Seixas e Dorival Caymmi. Sua musicalidade honesta, simples e atemporal, também rompeu fronteiras. Luiz Gonzaga é cultuado por estrelas como o veterano britânico David Byrne; e pela relativamente novata banda sul-coreana Coreyah, que fez uma das mais brilhantes versões para a música “Asa Branca“.

A vida pessoal de Gonzagão, no entanto, destoa um pouco do brilhantismo de sua carreira. Ele passou por três casamentos e só teve um filho biológico, Luiz Gonzaga Júnior, o popular Gonzaguinha, com quem viveu um relacionamento no mínimo tempestuoso. A animosidade entre os dois Gonzagas, de fato, só conseguiu se afinar já na vida adulta de Gonzaguinha, que conseguiu se estabelecer como artista sem explorar a imagem e o nome do pai. Durante o final  da década de 1970, ambos finalmente fizeram uma trégua e excursionaram juntos pelo Brasil. Nesta mesma época, o Rei da Baião gravou músicas compostas pelo filho. A criatura não superou o criador. ‘Gonzaga Pai’ teve um gesto de humildade e celebrou o talento inquestionável de ‘Gonzaga Júnior’.

Sob os ventos frios do inverno daquele dia 2 de agosto de 1989, uma parada cardiorrespiratória tirou o Rei do Baião desta dimensão astral habitada por nós. Ele contava 76 anos quando faleceu. Seu corpo foi enterrado em sua cidade natal. Se estivesse vivo, exatamente nesta quinta-feira (13), Luiz Gonzaga estaria completando um século. Foi-se o homem, mas o seu legado musical é eterno. Entre outras peripécias, este ‘pernambucano arretado’ foi o primeiro artista brasileiro a fazer turnê pelos quatro cantos da nação. Com sua sagacidade ímpar, já naqueles tempos antigos, ele elaborava o próprio figurino e criava as coreografias que fazia com seus músicos durante as apresentações. Em 49 anos de carreira, Gonzagão gravou quase 50 discos e imortalizou quase 90 músicas nas paradas de sucesso.

A cultura brasileira precisa aprender a não aposentar os seus ídolos, não substituí-los como se troca de roupa e também a não celebrá-los somente em datas especiais. Viva Luiz Gonzaga! Que sua obra se perpetue e chegue ao conhecimento de todas as gerações futuras.

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