Sete dos nove Estados do Nordeste – Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte – entraram com ação do Supremo
Tribunal Federal contra a redução de recursos do Programa Bolsa Família na
região. Dados do Ministério da Cidadania indicam que o Nordeste, que concentra
concentra 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na fila
de espera do Bolsa Família, recebeu 3% dos novos benefícios do programa,
enquanto as regiões sul e sudeste responderam por 75% das novas concessões.
A ação foi distribuída para relatoria do ministro ministro
Marco Aurélio. Na petição inicial, os sete Estados pedem que a Corte, em
caráter liminar, determine à União que apresente dados e justificativas para a
concentração de cortes de novos benefícios do Programa Bolsa Família na Região
Nordeste.
Além disso, pede que os beneficiários inscritos na região
sejam tratados de modo isonômico em relação aos de outros Estados, levando em
consideração os índices do IBGE de pobreza e extrema pobreza e o número de famílias
que aguardam no Cadastro único do Programa Bolsa Família.
No mérito, é solicitado que a União indique os critérios
aplicados e o eventual cronograma de concessão dos benefícios do programa, que
indiquem critérios e eventual cronograma para concessão dos benefícios, de modo
a contemplar de maneira isonômica e equânime os brasileiros que necessitam do
programa e residem nos estados autores.
A ação impetrada no Supremo argumenta que o Bolsa Família
tem relevância social e econômica principalmente nos Estados autores e que o
represamento de novos benefícios àquelas famílias já inscritas, "de
maneira tão díspar em relação às demais regiões do País", implica em um
aumento significativo a demanda social nos locais.
Segundo a petição inicial, as "desproteções
concentradas" na região nordeste comprometem outros serviços e fazem com
que aumente o número de pessoas em situação de rua, o número de pedidos de
cesta básica para superar a fome, especialmente aos municípios, ‘causando
desequilíbrio social e, claro, financeiro nas já combalidas finanças estaduais
e municipais’.
O documento registra que, no nordeste, em dezembro de 2019,
havia 939.594 famílias em situação de pobreza extrema sem o benefício. Em
janeiro de 2020, foram concedidos 3.035 benefícios para toda a região – 0,32%
da demanda. Na região sul, 186.724 famílias estavam em situação de extrema
pobreza sem o Bolsa Família, e foram concedidos 29.308 benefícios (15,7% da
demanda).
“Tais números mostram uma redução que não se justifica legal
e constitucionalmente mesmo em cotejo com um cenário de cortes no orçamento da
assistência social”, diz o documento.
AgoraRN*
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