"Os casos de contaminação pelo novo coronavírus crescem
e estão espalhados por todo o Estado. Isto é um reflexo das aglomerações nas
ruas nos últimos dias. Hoje talvez seja o pior dia até agora, pelos números e
pelo cenário que se avizinha. A situação é de muito risco. Me desculpem por
estas afirmações, mas todos precisam saber disso". A declaração é do
médico Petrônio Spinelli, secretário adjunto da Saúde Pública do Governo do
Estado ao anunciar os números da pandemia no RN, em entrevista coletiva, nesta
quarta-feira, 06.
Diante da gravidade da situação, Spinelli lembrou declaração
do coordenador do Comitê Cientifico do Nordeste, cientista Miguel Nicolelis,
que alertou para as consequências do crescimento da pandemia. "Devido às
aglomerações nas ruas estamos entrando numa fase extremamente perigosa.
Fortaleza já entrou em lockdown, Maceió, Recife e Manaus estão próximo disso.
Criou-se a ilusão de que seria possível flexibilizar. Ainda não. E o uso da
máscara não é garantia para ir às ruas com segurança. Estamos mais perto do
lockdown do que da flexibilização", afirmou.
Os casos suspeitos são 5.503; foram confirmados 1.644 e
descartados 4.943. Outros 662 se recuperam e tiveram alta hospitalar, 72 foram
a óbito e há 25 mortes em investigação. A estatística mostra que hoje estão
internados 52 pacientes em leitos críticos nos Hospitais do Estado. A taxa de
ocupação destes leitos é maior que 40%. O índice do isolamento social chegou a
percentual muito baixo, em torno de 40%. É preciso pelo menos 60%.
Os óbitos confirmados em consequência da Covid-19
registrados na terça-feira, 05, ocorreram em municípios de pequenos e médios
portes. Cidades maiores, como Natal e Mossoró, não tiveram óbitos por Covid
pelo segundo dia consecutivo, o que constata a difusão da doença pelo interior.
Os óbitos desta terça-feira ocorreram em Tabuleiro Grande (que não havia ainda
registrado nenhum caso suspeito), Ipanguassu, Serra Negra e Areia Branca. Entre
os 25 óbitos em investigação, dois aconteceram em Mossoró e quatro em Natal. A
maioria ocorreu nas cidades médias e pequenas.
Analisando este quadro, Petrônio Spinelli alertou para três
pontos de vista que considera ilusórios: "O primeiro é que não há cidade
protegida por que não há casos. Veja Tabuleiro Grande que não tinha nenhum caso
e já apareceu com um óbito. O segundo é que o vírus circula e quando analisamos
os óbitos no interior e nas áreas periferias, volta a ser mais letal junto às
pessoas idosas e com comorbidades, retornando ao seu perfil inicial. A terceira
ilusão é acreditar que o vírus poderá ser vencido de forma isolada. Ilusões
podem ser fatais. Os municípios precisam, através dos planos de contingências
locais, informar as regionais de Saúde para que a Secretaria Estadual de Saúde
execute da melhor forma possível o plano de assistência nas regiões".
RESPIRADORES
As autoridades de saúde continuam enfrentando dificuldade
para a instalação dos novos leitos de UTI. "Esta semana o RN deveria
receber os 30 respiradores comprados através do Consórcio Nordeste. Mas estes
respiradores só vão chegar na próxima semana. As UTIs que estão sendo montadas
não contam com o respirador, neste momento", informou Spinelli,
acrescentando que outros 14 respiradores adquiridos pelo Estado tiveram a
entrega bloqueada pelo Governo Federal e, embora o Estado tenha ganho junto à
Justiça que o fabricante entregasse os equipamentos, isto não aconteceu até
agora.
O secretário adjunto de Saúde solicitou que, caso algum
órgão ou entidade tenha respirador sem funcionar, que procure a Secretaria de
Saúde para que seja providenciado o funcionamento.
GERAR E ESPALHAR FAKE NEWS É CRIME
Delegada Geral da Polícia Civil, Ana Cláudia Saraiva,
alertou para as implicações penais da propagação de fake news. A divulgação de
notícia falsa é desinformação, causa prejuízos e ofende a honra. "Está no
artigo 41 da Lei das Contravenções Penais que causar tumulto, alarme e pânico é
crime e a polícia poderá instaurar procedimento para investigar autores e
pessoas que propagam notícia falsa. Todos devem ter responsabilidade antes de
divulgar, disseminar notícia através redes sociais ou mensagem de WhatsApp.
Quem gera e quem espalha fake news respondem legalmente por diversos crimes,
inclusive crimes contra a honra como calúnia, difamação e injúria",
explicou Ana Cláudia.
Hoje a Polícia Civil do RN investiga 81 denúncias. O cidadão
pode denunciar pelo telefone 181. "Temos a delegacia de plantão, o núcleo
de inteligência policial de combate a crimes cibernéticos e uma delegacia
específica para casos de ofensa às medidas do decreto para contenção da Covid-19.
A Polícia Civil pode autuar em flagrante os infratores, abrir inquérito
policial ou termo circunstanciado de ocorrência para responsabilização civil e
indenização pelo dano da conduta criminosa. As autoridades da segurança pública
estaduais, federais e municipais estão unidas no combate às notícias falsas. O
objetivo é proteger a saúde coletiva. O direito individual não se sobrepõe à
saúde pública".
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