A presidente
Dilma Rousseff voltou a dar sinais de que está disposta a enviar ao Congresso
uma proposta de antecipação das eleições para encurtar o seu próprio mandato. O
vazamento dessa estratégia, porém, contrariou Dilma, que ainda avalia o melhor
momento para tomar a iniciativa. Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, porém, um grupo de senadores irá hoje ao Palácio do Planalto entregar
uma carta a Dilma, solicitando a ela que encaminhe logo uma Proposta de Emenda
Constitucional (PEC), sugerindo a convocação de eleições em outubro.
Os movimentos
sociais, no entanto, são contra, sob o argumento de que isso enfraqueceria nas
ruas a "batalha" contra o impeachment. Apesar de apoiar o plano, até
mesmo para "emparedar" o vice-presidente Michel Temer, o PT decidiu
não erguer agora a bandeira das "diretas já" por uma questão estratégica.
A cúpula do
partido não quer se indispor com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com
o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) num momento em que precisa de
seus militantes nas ruas, contra o que chama de "golpe". Além disso,
acha que a iniciativa deve partir da própria Dilma.
"O
posicionamento continua o mesmo. Só não queremos levantar essa bandeira, neste
momento, porque o foco, agora, deve ser a luta para barrar o impeachment no
Senado", argumentou o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da
seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Nos bastidores,
o governo e o PT avaliam que a derrota de Dilma na primeira votação no plenário
do Senado, no próximo dia 11, é "irreversível", mas farão tudo para
virar o jogo no julgamento final. Até mesmo Lula, no entanto, observa que a
chance de Dilma retornar ao Planalto, após um período de até 180 dias de
afastamento, é remota.
Dois ministros
disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que Dilma está "propensa" a
aceitar a ideia de sugerir ao Congresso a antecipação de eleições presidenciais
para outubro, quando também haverá disputa pelas Prefeituras. De acordo com
eles, porém, a presidente teme que isso pareça uma renúncia ou algo como
"jogar a toalha" para a batalha final e por isso ainda avalia o
"timing" da ação.
Uma ideia sob
análise também prevê um plebiscito para que a população decida se quer novas
eleições presidenciais antes de 2018. Tudo, porém, precisa passar pelo crivo do
Congresso e até mesmo aliados dizem que a Câmara, presidida por Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), dificilmente autorizará isso. Em conversas com sindicalistas e
também com empresários e políticos, nos últimos dias, Temer chamou as propostas
de "golpe".
AgênciaEstado*