A Assembleia Legislativa
do Rio Grande do Norte elabora um Projeto de Lei em caráter de urgência que
reconhece a vaquejada como elemento pertencente ao patrimônio cultural do
Estado e a regulamenta como atividade esportiva. O documento será apresentado conjuntamente
pelos deputados estaduais e proíbe maus tratos aos animais.
“A vaquejada é raiz da
nossa história, além de um grande gerador de emprego e renda para a nossa
região. Quero destacar a solidariedade desta Casa Legislativa e dos deputados
estaduais com a causa, elaborando e votando esse projeto que regulamenta a
prática da vaquejada em todo o território estadual”, destacou Ezequiel Ferreira
de Souza, presidente da Assembleia.
Segundo o Projeto de
Lei, de iniciativa do Legislativo e elaborado a partir de reunião entre os
vaqueiros e representantes da atividade com os deputados estaduais na última
terça-feira (11), a vaquejada é um bem de natureza imaterial que integra o
patrimônio cultural do Estado, devendo, por isso, ser protegida para as atuais
e futuras gerações, além de constituir-se em atividade esportiva. Se aprovado,
também ficam proibidos atos que prejudiquem o bem-estar dos animais e o
descumprimento das normas técnicas que garantem a saúde dos bovinos e equinos
envolvidos.
Fica obrigado assegurar
alimentação e água, local de descanso confortável, inclusive com sombreamento
adequado, assegurar cuidados veterinários minimizando os ricos de ferimentos e
doenças e ações que evitem situações de desconforto, estresse, medo ou
ansiedade do animal.
Os promotores dos
eventos ficarão obrigados a garantir o transporte e o manejo adequados dos
animais, acompanhados de todos os exames e atestados exigidos pelo órgão de
defesa agropecuária. Outra medida é que um veterinário seja disponibilizado
para cada evento, exercendo a função de juiz do bem estar animal. Este
profissional ficará responsável por examinar e inspecionar a condição de cada
animal e evitar que bovinos e equinos inaptos participem das competições.
Além disso, fica
proibido bater ou pontapear os animais; aplicar pressões em partes
especialmente sensíveis do corpo dos animais, de uma forma que lhes provoque
dores ou sofrimentos desnecessários; suspender os animais por meios mecânicos,
levantar ou arrastar os animais ou manuseá-los de forma a provocar-lhes dor ou
sofrimento desnecessários e utilizar aguilhões ou outros instrumentos
pontiagudos. O texto diz que também será obrigatório que os animais usem
protetores de caudas.
A Associação dos
Vaqueiros Amadores do Rio Grande do Norte (Assovarn) estima que, havendo o fim
das vaquejadas, mais de 20 mil pessoas fiquem desempregadas, representando uma
redução de algo em torno de R$ 30 milhões injetados mensalmente na economia
local, só de salários. Ocorrendo o fechamento dos postos de empregos, serão
atingidos médicos veterinários, domadores, vaqueiros, caseiros, tratadores,
motoristas, cozinheiros, tratoristas, donos de bares, casas de show e artistas
e outros profissionais que de forma indireta participam da cadeia econômica.
Inconstitucionalidade
O Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu na última quinta-feira (6) derrubar uma
lei do Ceará que
regulamentava a vaquejada, por entender que a prática fere a Constituição
Federal. A decisão pode interferir na prática da atividade em todo o país, por
isso o Projeto de Lei a ser aprovado no Rio Grande do Norte e em outros estados
deve acontecer antes da publicação do acórdão do Supremo, que oficializa o
julgamento.
O movimento em prol da
vaquejada - que também está sendo feito nos estados de Pernambuco e da Paraíba
- tenta impedir o andamento deste processo, através de um ato público em
frente ao STF, programado para o dia 25 de outubro. Outra frente busca apoio
dos deputados federais para a elaboração de um Projeto de Emenda Constitucional
(PEC), garantindo a atividade.
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