A proposta de reforma da
Previdência ainda nem chegou ao Congresso, mas o governo Michel Temer já pensa
no passo seguinte: encontrar uma nova fonte de financiamento para o sistema de
aposentadorias e pensões. O diagnóstico é que, mesmo se a reforma for aprovada,
o sistema ocupará um espaço cada vez maior no Orçamento federal e seguirá
impedindo a expansão das demais despesas, como investimentos e programas
sociais.
“Temos de ter coragem de
colocar esse tema em debate”, disse um interlocutor do presidente. “Acho que
temos de começar.” As opções seriam, por exemplo, aumentar as contribuições
previdenciárias ou algum novo tributo, duas medidas altamente impopulares.
Uma fonte de
financiamento que não existe, mas que poderá ser criada até mesmo pela própria
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência a ser
encaminhada nos próximos dias ao Congresso, é a elevação das contribuições
previdenciárias dos servidores estaduais de 11% para 14%, conforme antecipou o
Estado em setembro. Alguns governos estaduais já cobram esse nível mais
elevado, mas a maioria tem dificuldade em aprovar, nas assembleias
legislativas, esse aumento.
É por isso que os
governadores querem que Temer inclua, na PEC da Previdência, algumas medidas
que os ajudariam a estancar o crescimento dos gastos com a folha de servidores
ativos e inativos. Dados do Tesouro Nacional mostram que o rombo da Previdência
dos Estados ultrapassa R$ 77 bilhões, R$ 18 bilhões superior ao que eles
informavam. Oito Estados não cumprem os limites para gastos com pessoal.
O presidente quer
conversar com governadores, e também com sindicalistas e confederações
empresariais, antes de encaminhar a matéria ao Congresso. Esses contatos
ocorrerão após a votação na Câmara, em segundo turno, do projeto que limita o
crescimento dos gastos públicos – a PEC do Teto – programada para terça-feira.
A PEC da Previdência está redigida, mas o texto poderá ser modificado para dar
“carona” às propostas dos governadores.
Os governadores seriam
beneficiados, por exemplo, se Temer desistisse da ideia de dar aos professores
um plano mais longo de transição para o novo regime. Mas o Planalto não está
inclinado a isso.
Mudanças. Pela regra geral, a
emenda fixa a idade mínima de 65 anos para as pessoas se aposentarem. Mas, para
não prejudicar muito quem está próximo da aposentadoria, foi fixada uma idade
de corte, de 50 anos para homens e 45 anos para mulheres, a partir do qual as
pessoas pagarão apenas um “pedágio” para obter o benefício. Esse “pedágio”
corresponde a um adicional de 50% sobre o tempo que falta para a aposentadoria.
Para dar uma regra mais benéfica aos professores, a proposta prevê que eles
terão o mesmo tratamento das mulheres. Ou seja, o corte será de 45 anos.
Por causa do aumento da
expectativa de vida, o governo havia cogitado estabelecer, na reforma, um
mecanismo pelo qual a idade mínima de 65 anos poderia ser aumentada de forma
automática. Mas a ideia foi descartada. “Era muita frente de guerra de uma vez
só”, avaliou um integrante do núcleo político. Isso não quer dizer que esse
debate não tenha de ser travado no futuro, pois muitos países já adotaram idade
mínima de 70 anos.
Principais pontos da reforma
Idade mínima
65 anos para homens e
mulheres. Haverá regra de transição para homens com 50 anos ou mais e mulheres
com 45 anos ou mais.
Pedágio
Na transição, a pessoa
pagará um “pedágio” de 50% do tempo que falta para se aposentar. Haverá uma
regra de transição especial para professores. Eles deverão ter o mesmo
tratamento das mulheres.
Contribuição
O tempo mínimo de
contribuição deve subir de 15 anos para 25 anos; para ter o benefício integral
serão necessários 50 anos. Não será permitido acúmulo de aposentadoria e pensão
por morte
Regras iguais
Funcionários públicos e
políticos terão regras de aposentadoria iguais às do sistema geral. Militares
terão outra regra que ainda será definida.
Benefícios assistenciais
Loas e Renda Mensal
Vitalícia, por exemplo, passarão a ser menores do que o salário mínimo.
O Estado de São Paulo*
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