A transposição das águas
do rio São Francisco, a construção da barragem de Oiticica e a inauguração dos
dois subsistemas da Adutora Alto Oeste darão fim à seca no Rio Grande do Norte. A opinião é do titular da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Mairton França. Contudo, segundo
ele, apenas as adutoras devem começar a operar ainda este ano. Enquanto os
projetos não são concluídos, o estado segue enfrentando a estiagem mais severa
de sua história.
Desde
2011 que o sertanejo potiguar sofre com a falta de boas precipitações. Dos 167
municípios do estado, 153 estão em situação de emergência por causa
da escassez de água. Atualmente, 14 cidades estão em colapso e 77
desenvolveram sistemas de rodízio para o abastecimento da população.
As
chuvas que caíram no início do ano renovaram os ânimos, mas não cerraram as
angústias. Mudanças, só na paisagem. A água transformou o cenário acinzentado
em um verde exuberante, a chamada 'seca verde'. Comum no semiárido nordestino,
o fenômeno caracteriza-se pela vistosidade da vegetação, apesar de um período
longo sem água. Porém, foi só isso. A estiagem segue implacável. Impiedosa, ela
castiga e mata.
"O
sofrimento do homem do campo tem que acabar. Precisa acabar. O governo está
ciente do seu papel e está trabalhando para dar fim a este problema, que é
secular", afirmou Mairton.
Transposição
Em entrevista ao G1,
o secretário detalhou quais são e como os projetos devem resolver a escassez de
água no sertão potiguar. O maior e mais importante deles é o da transposição
das águas do rio São Francisco, cujas obras foram iniciadas em 2007, ainda no
governo Lula. Em abril, de acordo com dados do governo federal, 86,3% das obras
já estavam concluídas.
O
plano básico é a construção de dois imensos canais ligando o 'Velho Chico' a
bacias hidrográficas menores do Nordeste, bem como aos seus açudes, levando
água para 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte – uma população
de 12 milhões de nordestinos.
A
previsão inicial era de que a obra terminasse em 2014. Mas, após uma série de
adiamentos, a estimativa agora é de que o projeto seja
concluído somente em 2017. Inicialmente, a transposição havia sido
orçada em R$ 4,5 bilhões, mas o custo da obra já alcançou R$ 8,2 bilhões.
Segundo
Mairton, as águas do São Francisco chegarão ao RN de duas maneiras. Uma delas é
com a perenização do rio Piranhas/Açu. Significa que as águas do rio, que nasce
na Serra do Piancó, na Paraíba, devem ser represadas pela
barragem de Oiticica antes que elas desemboquem na barragem Armando Ribeiro
Gonçalves, o maior reservatório do estado.
A
outra forma de a água chegar ao estado será com a construção um sistema
denominado Ramal Apodi, uma
etapa da obra que faz parte do chamado Eixo Norte da transposição. Por este
ramal, as águas deverão correr por canais, túneis, aquedutos e barragens,
totalizando 115,5 quilômetros de extensão. Para isso, ainda de acordo com o
secretário, estima-se que 857 propriedades terão que ser relocadas ou os donos
indenizados em treze municípios da Paraíba, Ceará e do próprio Rio Grande do
Norte.
Em
solo potiguar, as obras da transposição afetarão famílias em Luís Gomes, Major Sales e José da Penha, por onde o ramal passará
até chegar ao açude público de Pau dos Ferros, de onde as águas partirão até Angicos, já na região Central do estado. Ao final do percurso, 44
municípios devem ser beneficiados.
O
Ministério da Integração afirma que todo o Eixo Norte tem investimento orçado
em R$ 5,25 bilhões e que já trabalha na elaboração do edital de licitação para
que os serviços no Rio Grande do Norte tenham início. Só não disse quando.
Adutora
Alto Oeste
Dos projetos apontados pelo secretário como soluções para a seca no estado, a
Adutora do Alto Oeste é o mais avançado. “Na verdade, está praticamente pronta.
Falta finalizarmos alguns testes para podermos inaugurar a adutora, que é
dividida em dois subsistemas”, ressaltou Mairton.
O
primeiro subsistema capta água no Açude de Pau dos Ferros. Além de atender ao
próprio município, beneficiará mais 12 cidades, terminando em Alexandria. “Só não começou a operar ainda porque o açude de Pau dos Ferros encontra-se
totalmente seco. E este é um problema que poderíamos ter resolvido com a
construção de uma adutora expressa ligando Pau dos Ferros à barragem de Santa
Cruz, em Apodi. Isso garantiria o funcionamento regular do subsistema. Mas,
essa adutora expressa foi retirada do projeto original em virtude do Ramal do
Apodi, que faz parte da transposição do São Francisco, e que hoje sequer tem um
projeto concluído”, explicou.
O segundo subsistema,
ainda de acordo com Mairton, sai da barragem de Santa Cruz e vai até João Dias levando água para 10 municípios da
região. “Esse benefício é direto. Indiretamente, a adutora também beneficiará
Portalegre e Martins. E ainda temos um projeto de também atendermos a população
de Serrinha dos Pintos, totalizando 13 municípios abastecidos
pelo subsistema”, revelou o titular da Semarh.
G1RN*
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